Santa Teresa de Calcutá dizia: “O fruto do silêncio é a oração. O fruto da oração é a fé. O fruto da fé é o amor. O fruto do Amor é o serviço. O fruto do serviço é a Paz”. O silêncio, enquanto encontro com Deus, pode de facto, conduzir-nos por muitos caminhos, inclusive ao serviço, a um agir concreto e específico.
A Bíblia fala-nos que Elias foi ao encontro de Deus no Monte Horeb, mas que não o reconheceu nem no trovão, nem no tremor de terra, nem no fogo, onde era comum a manifestação de Deus, mas encontro-O paradoxalmente “no murmúrio da brisa suave” ou numa tradução mais literal “na voz do silêncio suave”!
A nossa vida sempre em correria, onde estamos constantemente online e disponíveis, parece silenciar os nossos silêncios e talvez por isso somos, nas palavras de D. Tolentino Mendonça, “analfabetos do silêncio”.
Mas porque fugimos do silêncio? Fugimos provavelmente do que procuramos esconder, dos nossos sofrimentos, medos, questões existenciais, e de todas as inquietações mais profundas que habitam o nosso coração. Fugimos de nós próprios e não só… Talvez porque esquecemos que é também nesse “lugar” mais secreto da intimidade do nosso ser que nos encontramos com Deus, o único que pode dar o verdadeiro sentido à vida e apaziguar todas as inquietações. É nesse lugar que podemos correr como filho muito amado para os braços do Pai.
Neste encontro, no silêncio e no mais íntimo do ser, não só ouvimos a voz do Senhor que nos chama, como também criamos o espaço possível para olhar diariamente a nossa vida e ver nela os sinais e as acções do Espírito Santo. Ao confrontar os pormenores monótonos do dia-a-dia com Cristo, Palavra de Deus, é-nos permitido observar a vida sob o olhar divino, e somos questionados: é a minha vida mediocridade ou santidade? É na resposta honesta, sem desculpas, a esta questão que nos podemos deixar transformar e ir transformando a realidade que nos rodeia e assim descobrir a verdadeira Vida. Ora, tudo isto começa com o silêncio, e assim este é necessário e urgente, tanto o exterior como o interior. Pois, como diz um padre do deserto: “ama o silêncio. É pelo silêncio que nascerá em nós o que a Ele nos conduz”.
Para que possa existir este silêncio interior que nos permite ir descortinando a vontade de Deus para nós, será preciso criar espaços próprios onde ficamos offline, onde não recebemos notificações e estamos disponíveis apenas para Deus, e isso passa necessariamente por um silêncio exterior. Será então possível percebermos que estamos na presença de Deus, e começarmos com Ele a fazer um caminho que nos coloca na Verdade.
Nestas semanas que nos separam da Páscoa, é essencial amar o silêncio para voltar a ouvir a voz do Senhor no silêncio suave, que nos levará não só ao encontro com o Deus Trindade, como a passagens plenas de sentido.
Tema: SILÊNCIO
Joana Teixeira Duarte
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