Mente sã, num corpo são
Todos conhecemos esta expressão e tendemos a concordar com ela. A sua origem remonta ao séc. I, ao poeta romano Juvenal que na sua sátira X diz:
“Orandum est ut sit mens sana in corpore sano” que numa tradução livre fica algo do género: “Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são”.
É curioso, que o poeta romano ligue três realidades: a oração, a saúde da mente e a saúde do corpo. Podemos intuir, que o poeta tem noção que a saúde da alma, a saúde da mente e a saúde do corpo são indissociáveis. O equilíbrio e a boa saúde de cada uma destas dimensões, contribui e leva ao equilíbrio de cada um de nós enquanto pessoa.
Ora, a nossa tradição judaico-cristã já sabe isto há muito tempo, muito antes dos romanos. Deus, sempre propôs ao Seu povo, que se ativesse ao essencial, libertando-se do supérfluo, a reconhecer-se não como autossuficiente, mas como ser que necessita da relação, com os outros e com O Outro para ser feliz: esta realidade é vivida no jejum.
Por isso, na Quaresma, vivemos esta dimensão do jejum. Viver do essencial: essencial para a alma, essencial para a mente e essencial para o corpo. Claro que viver o jejum requer esforço, mas também isso nos ajuda neste tempo da quaresma: o esforço de lutarmos e procurar viver o que acreditamos ser importante para nós: se a relação com Jesus é importante para mim, então, o meu esforço ganha outro sentido, pois estou a procurar a essência da minha da minha relação com Ele. O jejum, também nos ajuda a ter uma consciência mais clara de nós mesmos, das nossas fraquezas e debilidades, o que na relação com Jesus Cristo, nos ajuda a perceber o dom e a graça que Ele tem para nos dar para suprir o que nos falta.
O jejum não nos fecha em nós mesmos, mas é aberto aos outros. Por isso, somos convidados partilhar com os mais desafortunados o que poupamos com a simplicidade da nossa alimentação e do nosso estilo de vida durante este tempo.
Vivamos o jejum não como algo anacrónico de uma religião bafienta, mas como algo que me ajuda a ir ao essencial de mim, do outro e de Deus.
Tema: JEJUM
Pe. Leonel Abrantes
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